No dia 15 de novembro de 2018 a república brasileira completou seus 129 anos de existência. Nestes anos de era republicana, o Brasil presenciou momentos de grande instabilidade política com diversos golpes de Estado nos anos de 1889, 1930, 1937 e 1964.
Tivemos duas cassações de presidentes eleitos e também diversas constituições que não se adequaram a realidade do Brasil, entre elas as dos anos de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Vale apontar que já está em discussão a elaboração de uma nova constituinte.
Se olharmos o nosso passado como país monárquico constataremos diversas indagações sobre a instalação do regime republicano. O partido republicano foi fundado em São Paulo e Rio de Janeiro nos anos de 1870, os republicanos paulistas eram ligados à elite cafeeira que buscava uma maior descentralização política e econômica da Corte, e os republicanos cariocas eram formados por profissionais liberais.
Os republicanos paulistas tinham uma participação política maior dentro do movimento, na qual possuíam clubes em diversos municípios paulistas, como Itu, Rio Claro, Campinas e Pirassununga. Olhando ao cenário nacional, o partido republicano era irrisório na política do império, possuindo somente dois deputados provinciais por São Paulo.
Talvez você me pergunte, tinha partido republicano num país monárquico? Sim, a liberdade política no Brasil permitia este direito de existir um partido totalmente contrário ao sistema vigente. Vale destacar que nesta época a liberdade política e de imprensa no Brasil era invejada por diversos países europeus. Sendo um dos principais alvos da imprensa da época, a figura de D. Pedro II com diversas caricaturas com chacotas ao monarca das Américas.
Diversos historiadores e estudiosos questionam a participação popular no movimento republicano, e também sua viabilidade política. Mesmo com suas diversas questões que colocavam em cheque o governo monárquico, entre elas a escravidão, o governo de D. Pedro II tinha legitimidade política e grande aceitação popular. Tinha uma considerável participação popular através do voto, mesmo com a implantação da lei Saraiva que limitou o poder do povo nas eleições, mesmo assim o direito ao voto era grande. Afirmamos esta proposição tendo como cenário o Brasil dos Oitocentos comparando com diversos países da Europa, como a França e Inglaterra.
Aprofundando nossa análise para os momentos finais da monarquia, o governo de D. Pedro II encontrava diversos problemas para a sua continuidade. Entre eles estavam à questão Religiosa, Militar e a Escravidão. A religiosa estava no conflito entre os maçons e católicos que se prolongava por diversos anos, aprofundando o questionamento do beneplácito e a extinção da religião católica como fé oficial do Estado Brasileiro. A militar se referia sobre o desprestigio de D. Pedro II em relação à alta oficialidade do Exercito Brasileiro, que buscava maior participação política no cenário imperial. Na escravidão, era a questão do fim do trabalho escravo, que atingiu seu clímax com a extinção da escravidão em treze de maio de 1888, na qual a monarquia perdeu o apoio da elite cafeeira.
Dando um adendo a estes fatores, outra questão de grande discussão na época, era sobre a sucessão do trono. A elite da época não via com bons olhos a subida ao trono, a figura da Princesa Isabel, primeiramente por ser uma mulher e por ser católica, numa sociedade dominada pelo protagonismo masculino e também pela figura de seu marido o Conde’Eu, figura emblemática e polêmica na história do Brasil, devido sua participação na guerra do Paraguai. Muitos acreditavam que a princesa Isabel seria manipulada por seu esposo.
Ao apontarmos estes diversos fatores da conjuntara da época, segundo algumas versões, a república foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889 no largo de Santana no Rio de Janeiro. Neste dia, D. Pedro II estava em Petrópolis, segundo Jose Murilo de Carvalho a população assistiu bestializada um grande evento militar no campo de Santana, acreditando ser mais uma das diversas cerimônias militares da época. Boa parte da população deu-se conta da instalação da republica alguns meses depois, principalmente nos diversos rincões do nosso Brasil.
Diversos historiadores se questionam como um regime político com estabilidade política, econômica e social de 67 anos, acabou sem nenhuma participação popular do movimento republicano ou da sociedade em geral. Muitos dos monarquistas que resistiram foram mortos e perseguidos pelas tropas do exército, tema pouco aprofundando pelos estudiosos.
A família imperial foi levada ao exílio para a Europa por navios da esquadra brasileira. Boa parte dos descendentes de D. Pedro II morreram no exílio. Muitos retornaram ao Brasil nos anos de 1922, após o fim do banimento e a anulação da lei que proibia a vinda dos descendentes da família imperial ao Brasil.
O restante da história todos já conhecem, temos uma aí uma bela história republicana que nos enche de orgulho e satisfação, que resolveu todos os nossos problemas num país de dimensões continentais. Com todos estes fatos apresentados na nossa história política, tivemos melhoras na substituição do sistema de governo ou continuamos marcando passos?
Viva a República!!!!